O que um faxineiro pode nos ensinar sobre paciência e investimentos

(Foto: Jon Tyson/Unsplash)

Investidor, milionário, filantropo e faxineiro. Se você desconsiderar a profissão que acabei de citar, pode achar que estou descrevendo Tony Stark (o homem de ferro), mas essas são as principais características que descrevem o americano Ronald Read. Ao falecer, com 92 anos de idade, ele surpreendeu a todos deixando uma fortuna avaliada em cerca de 8 milhões de dólares.

Em seu testamento, Read deixou 6 milhões para serem doados à biblioteca e ao hospital da sua cidade, e os outros 2 milhões a serem partilhados com seus familiares.

A história é impressionante, e a primeira pergunta que nos vem à cabeça é: como ele conseguiu essa fortuna? Acertou os números na loteria? Recebeu uma herança de um patrão rico e bondoso, como numa verdadeira história de filme de sessão da tarde? Nada disso.

Ele construiu sua fortuna exercendo as maiores virtudes que qualquer investidor pode ter: a paciência e o hábito.

Parece simples, mas foi isso que Read fez: com o pouco que conseguia poupar: investia no mercado de ações americano, comprando papéis de empresas ‘blue chips’, aquelas que são amplamente reconhecidas na área em que atuam, consolidadas e financeiramente estáveis. Fez isso constantemente, sem desanimar, até seu investimento apresentar o retorno a longo prazo que se espera desse tipo de alocação.

Essa é a estratégia que você já deve ter lido em vários textos na internet como esse, além de livros de finanças e investimentos. Isso não é segredo pra ninguém. O que é interessante na história de Read é justamente a resiliência mental que ele teve para simplesmente ‘deixar a mágica acontecer’.

Como assessor de investimentos, posso dizer que esse é o grande ponto de inflexão que tento trabalhar diariamente com meus clientes.
Aqui, estou falando de médicos, advogados, engenheiros, empresários, profissionais consolidados, pós-graduados e inteligentíssimos em seus respectivos ramos de atuação.

Mas lidar com o dinheiro não é fácil, e é por isso que gosto do exemplo do ‘simples’ faxineiro que conseguiu construir uma fortuna expressiva, com muito menos recurso financeiro e conhecimento profissional do que a grande maioria dos cerca de 5 milhões de investidores brasileiros atualmente registrados na B3 (bolsa de valores do Brasil).

Histórias como a de Ronald Read são inimagináveis em qualquer outro segmento, senão o de construção patrimonial. É impossível imaginar uma pessoa sem educação formal ser um cirurgião melhor do que um médico pós-graduado, referência em sua área. Ou quem sabe se olharmos pela ótica do talento, imaginar que um jogador amador da várzea possa ser um jogador de futebol superior ao Neymar, Messi ou Cristiano Ronaldo.

Comparações como essas são absurdas, menos quando estamos tratando de educação financeira e investimentos. Aqui os ‘milagres’ acontecem, e quando essas histórias são dissecadas, vemos que não houve milagre nenhum, tão somente um ‘homem como qualquer outro’, mas paciente e resiliente, e que soube administrar seus próprios sentimentos nos momentos de tomada de decisão.

É, acho que não estamos falando de um homem qualquer.


Arthur Stuart é sócio-fundador do Grupo SG, Assessor de Investimentos certificado pela ANCORD e Correspondente Cambial, atuando no mercado financeiro desde 2019.


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Arthur Stuart é sócio-fundador do Grupo SG, Assessor de Investimentos certificado pela ANCORD e Correspondente Cambial, atuando no mercado financeiro desde 2019.

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