Folião era líder do Bloco Carnavalesco Cavaleiro dos Montes.
Neste sábado (13), a agremiação Beija-Flor de Nilópolis anunciou que Maceió estará no enredo 2024 da escola de samba.
O título “Um delírio de Carnaval na Maceió de Rás Gonguila” chamou a atenção para um ilustre personagem da folia maceioense.,
Mas quem foi Rás Gonguila?
Rás Gonguila, que na verdade se chamava Benedito dos Santos, foi um engraxate nascido em Maceió, no ano de 1905.
“Pouco se sabe sobre seu pai e sua mãe. Seus nomes e suas memórias viraram cinzas. A única certeza que se tem sobre eles é que sofreram na alma o horror da escravidão. Libertos e analfabetos, ganhavam o pão vendendo frutas nas ruas da velha cidade ou limpando os palacetes dos barões do açúcar”, conta a sinopse do enredo da escola de samba.
A história é contada como um “delírio baseado na realidade” justamente porque Benedito cunhou o apelido africano ao dizer que era, ele mesmo, descendente direto do último imperador da Etiópia, Rás Táfari.
“Vamos mergulhar nos devaneios de Gonguila para contar como ele viu a corte de Haile Selassie embarcar numa jangada encantada para conhecer, do outro lado do mundo, os folguedos de uma terra de cores intensas, brisa mansa e mares quentes”, diz o enredo.
Parceiro de boêmios e damas da noite, o príncipe etíope dos carnavais alagoanos era um devotado súdito de Momo, e fundou o bloco Cavaleiro dos Montes, bloco que fez história nos carnavais da capital, com nome inspirado nas dunas de areia da Praia do Jaraguá.
“Gonguila descia do Farol ao cais do porto e seguia até a Ponta Grossa – onde até hoje moram seus descendentes. Alto e forte, tocava clarim pelo trajeto, sempre ao lado do estandarte do bloco, todo de veludo e ornamentos dourados, com a imagem de um ginete montado num alazão. Aqui e acolá, um brincante espetava algum tostão com alfinete no pano do estandarte. Dava pelo menos para pagar os músicos e alguma bebida. Depois do desfile, virava porteiro da Fênix Alagoana, o clube dos ricos, que se embriagavam de lança-perfume nos luxuosos salões”.
Faleceu aos 63 anos, de ataque cardíaco fulminante, no dia 21 dezembro de 1968, em Maceió.
Sobre o enredo da Beija-Flor
O enredo da Beija-Flor para 2024 é sobre as nobrezas de Maceió, de Nilópolis e da Etiópia.
“Um encontro mágico de personagens reais, mas que nunca se viram, guiados pela luz dos encantados e da ancestralidade, com as cores, os ritmos e os pisados dos folguedos das Alagoas. Um delírio baseado na realidade, desafiando o espaço e o tempo, algo que só o Carnaval pode nos brindar”.
A história começa com as festas de Palmares e suas raízes nos cultos africanos e saberes indígenas.
“Marca de fé e resistência no maior dos quilombos, entranhadas nas tradições populares alagoanas, que têm o engraxate Benedito como um de seus brincantes mais ilustres”.
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Se o enredo for bem trabalhado, não tenham dúvida nenhuma que o título de campeão será da Beija Flor.
Amei, mais Maceió tem muita história, tem os Marechais, os primeiros presidentes, artista ilustres. Dá pra explorar bastante .