Burocracia, crédito limitado e falta de capacitação complicam o caminho dos Microempreendedores
O número de Microempreendedores Individuais (MEIs) no Estado quase triplicou na última década, passando de 156.629 em 2014 para impressionantes 489.818 em 2024, segundo dados do Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Um dos principais fatores por trás desse crescimento expressivo foi o aumento do desemprego, especialmente durante a pandemia. Em 2020, a taxa de desocupação chegou a 19,4%, e, em 2021, a 17,1%.
Essa crise no mercado de trabalho coincidiu com uma explosão no número de novos MEIs, totalizando 355,6 mil registros em 2020 e 415,8 mil em 2021, à medida que milhares de trabalhadores buscaram o empreendedorismo como alternativa para driblar a falta de oportunidades formais.
Desafios do dia a dia
Apesar do crescimento significativo, os Microempreendedores Individuais enfrentam uma série de dificuldades no cotidiano de seus negócios, que vão desde questões tributárias até desafios de capacitação. Embora o regime simplificado ofereça facilidades, muitos ainda encontram problemas ao lidar com a burocracia, especialmente no que diz respeito à Declaração Anual e ao pagamento do Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS).
Outro grande desafio é o acesso a crédito. Instituições financeiras costumam exigir garantias e histórico de crédito que muitos MEIs não possuem, dificultando o financiamento para expandir ou manter o negócio. Além disso, a falta de planejamento financeiro é uma barreira significativa; muitos microempreendedores têm dificuldade em separar as finanças pessoais das empresariais e em gerir o fluxo de caixa, o que pode comprometer a saúde do negócio a longo prazo.
A capacitação em áreas como marketing, vendas e gestão empresarial também é limitada para boa parte dos MEIs, o que afeta diretamente a competitividade e o crescimento dessas pequenas empresas. Somado a isso, a concorrência com grandes empresas, que dispõem de mais recursos e estratégias consolidadas, torna ainda mais desafiador para os microempreendedores conquistar espaço no mercado.
“A falta de capacitação em áreas como marketing, vendas e finanças limita o crescimento do MEI. Sem essas habilidades, muitos microempreendedores enfrentam dificuldades para atrair clientes, gerenciar seu fluxo de caixa e acompanhar o desempenho do negócio. Isso enfraquece a sustentabilidade do empreendimento e restringe o potencial de expansão, já que grande parte dos MEIs ainda atua com a mentalidade de um profissional autônomo, em vez de adotar uma visão empresarial.” Comenta Vanderson Felipe, contador e consultor tributário da RV Gestão de Negócios para a Mercatus.
Oportunidades para os MEIs
Formalizar-se como Microempreendedor Individual (MEI) é um passo transformador para quem deseja ver seu negócio crescer de forma legal e profissional. Com o CNPJ em mãos, a possibilidade de emitir notas fiscais e contar com uma rede de proteção social, os MEIs ganham oportunidades valiosas para expandir. Para que esses pequenos empreendimentos realmente prosperem e fortaleçam a economia brasileira, é essencial que encontrem apoio e soluções práticas para superar esses obstáculos.
“Os microempreendedores podem se beneficiar dos programas de capacitação oferecidos por instituições como o SEBRAE, que promovem habilidades essenciais para a gestão de negócios. Plataformas digitais como Instagram e o Marketplace do Facebook também representam novas oportunidades, possibilitando que pequenos negócios ampliem seu alcance e conquistem clientes pela internet. Em Pernambuco, o MEI desempenha um papel essencial no fortalecimento da economia local, na geração de empregos e na formalização de atividades que antes estavam na informalidade.” Acrescenta Vanderson.
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